segunda-feira, 31 de janeiro de 2011


sem uma única certeza a não ser que chegados, ao topo resta continuar a subir. por perto, portanto.


domingo, 30 de janeiro de 2011

sábado, 29 de janeiro de 2011


estendem tapetes, esticam escadas rolantes, inventam elevadores, prometem foguetões de ir à lua. há uns quantos ousados, outros tão puros caminhos silvestres, como leitos de rios na corrente das águas, uma força de sucção tramada. as pernas fincadas quanto tempo mais pisadas dos pontapés nas canelas. e ainda outros irrecusáveis.



sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


acordar vestido com o mesmo uniforme é ironia sem tréguas. vestidos com o mesmo uniforme vamos acabar morrendo um pelo outro e se não é tão óbvio que era antes viver um para o outro. vestidos há-de ser o frio a penetrar as malhas. despidos há-de ser o calor a preencher todas as entranhas.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


o homem caminhava numa via estreita sem margem para soluções admiráveis ou agravamentos inesperados. o chão descaracterizado não permitia ligações de sobrevivência e as paredes monocromáticas bloqueavam as observações especulativas. a isenção de ruído atirava a percepção para o filtro subterrâneo e a ausência de luz desgovernava a réstea de orientação possível.



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011


a vida enrolada num papel por usar fica confusa e sem jeito de alinhar. a sorte vem de não se perder o norte aos passos cegos de uma vontade ingénua. os escaldões na água que ferve sem grande chama ficam marcados na pele desidratada seca como sei lá o quê. critérios não escolhem sobremesas como não fixam quem não quer surpresas.




terça-feira, 25 de janeiro de 2011


a surrealidade paga a peso de ouro suspende o raciocínio à pendura nos dedos abertos contra as linhas paralelas que ostentam os sorrisos e não sustentam todos os perigos.


domingo, 23 de janeiro de 2011



gosto de abraçar. gosto de beijar. gosto de ser abraçado. gosto de ser beijado. foi a última vez que chorei por ti.



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


trazes-te dentro de um sobretudo tão comprido que não se te vê pinta de sangue. és tão recorrente a tropeçar nessa cortina comprida que a minha vida maior não chega para te decifrar. essa capa que te protege vai acabar por te matar. livra-te dela.



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011


a caminhada pelo fresco de janeiro em boa medida veio inquietar os canais de tramas que fervilham nas cavidades cerimoniosas. a renascença do homem veio com indícios de violência de encantar e o nascimento da mulher atravessou todos os cantos das conversas entre fogueiras de dois corpos fundidos.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011


passei o dia a correr sobre a tinta escorrida por abanão de uma mão misteriosa a vaguear numa tela mal impressa mal recortada mal polida que impressão. comecei por ouvir a estalada de mão cheia de razão e acompanhei contente o elevar das pestanas contra o adormecimento da clausura inaceitável. falta-me só o pé de trás que ficou preso na sarjeta da puberdade.


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011


o que te mente é a metafísica das coisas, não a suástica nem os suores emparelhados. concretamente, não chegam sequer pormenores para confirmar quem invente ou não seja de espécie ancestral. veio comigo um homem de figura imaginária que não empresta sonhos e ignora profecias. não são iguais as demoras porque os ombros não encolhem defesas nem escolhem certezas.


domingo, 16 de janeiro de 2011

estou mais numa de indecência do que dependência e vai daí nada de maior ou menor importância. vai daí nada. vem daqui tudo. tudo o que importa e o que te importa. o que te importa de lá para cá quando barrada nas fronteiras não tens força para te libertar dos cadeados mal amanhados. usa os dentes.

sábado, 15 de janeiro de 2011

no momento em que abri a porta e entrei, deparamo-nos. sorriu-me e cumprimentou. a mulher pinta o cabelo de louro e ainda é nova para bordados. não sei se me olha de vez em quando ou se limita a passar o olhar adiante. o homem quis saber mais e eu não facilitei. permito-me não os aproximar e não tenho pena. sou de cera mas não me ponham de vela que um incêndio é fácil de inventar.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

sendo que a minha ingenuidade faz de ti um demónio, encontramo-nos a meio caminho, para pareceres menos e eu mais. cabíamos numa sala qualquer, fizeram-nos assim achacados a um conforto ocasional. ter-te-ão contado?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011