chove e não me chateia.

não é estagnar, não é parar, não é abrandar. é sossegar. é acalmar virado para a frente.

atalhos e mais atalhos, dizem que são curtos ou menos distantes.

ultimamente, desconhecendo a razão, sou muito fácil de comover

a voz. continua a ser a voz, agora não sozinha, são os pés bonitos e os sorrisos não aflitos.

tem o pescoço curvado e quase imóvel. o homem levantou-se e só então reparei que era ele e a bengala. uma bengala é uma parte bonita do corpo. ele falou muito. mais do que prometeu. quem fala assim não merece estar calado. tem que falar porque os outros têm que ouvir. mexia apenas os olhos para cima e para o lado. quando digo para o lado, tanto faz. eu ouvi atento e o talento, o talento vale tão pouco quando posto ao lado de quem sabe.

estou espantado com o potencial. a raridade encontra-nos às vezes.

claro que a voz. pronto. mas não apenas. o fenómeno, só pode ser um fenómeno, da hipótese. o fenómeno é um mistério. é a única forma de magia que conheço. depois da voz são os gestos. todo um complexo do estar. esse estar que se corresponde ao ser então estou tramado.