quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011


estive apenas a ouvir. a sala é fria e húmida. a pintura das paredes depressa escurece votando-as ao aspecto desgovernado que não combina com as vozes que pouco se ouvem. parei para ouvir. o parque de estacionamento gelado do betão cinzento e mudo só deixa atravessar os ruídos finos dos pneus entre pilares. sentado não parava quieto a tentar arranjar lugar no interior dos meus ouvidos para as palavras todas tão pesadas. a lutar contra o cabrão inútil que contracena dentro de mim pelo menos ouvir. a sala gelada ou o betão debaixo dos mortos como que minudências rídiculas de actos difíceis de encenar.



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